A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou na terça-feira (15) os leilões dos lotes 4 e 5 das rodovias paranaenses, marcados para os dias 23 e 30 de outubro, respectivamente. Juntos, os dois lotes somam 1.058 quilômetros de extensão, com investimentos previstos de R$ 29,8 bilhões e a manutenção de 14 praças de pedágio – sendo uma delas no trecho de Presidente Castelo Branco, no lote 4.
Somados, os dois lotes envolvem 1.058 quilômetros de rodovias, 14 praças de pedágio e investimentos estimados em R$ 29,8 bilhões. Desse total, R$ 10,9 bilhões estão previstos apenas para o lote 4, o qual inclui a praça localizada no km 147 da BR-376, em Presidente Castelo Branco — uma das mais movimentadas do trecho Noroeste do estado e que permanece como praça já existente no edital publicado.
O novo modelo de concessão, que busca corrigir falhas do sistema anterior, prevê um regime de menor tarifa-base como critério de seleção, ou seja, vence o leilão a empresa que oferecer o menor valor de pedágio ao usuário. O início dos novos contratos está previsto para fevereiro de 2026, com as empresas vencedoras tendo a responsabilidade de executar obras e serviços de melhoria nos trechos sob concessão.
Lote 4: duplicações, marginais, ciclovias e contornos
O lote 4 contempla um dos pacotes mais expressivos do novo plano. Serão 231 quilômetros de duplicações, 87 quilômetros de faixas adicionais, 59 quilômetros de contornos urbanos — incluindo as cidades de Nova Londrina, Itaúna do Sul, Maringá (Oeste) e Londrina (Norte) — além de 39,4 km de vias marginais, 34 km de ciclovias, 39 passarelas para pedestres e 8 estruturas passa-faunas voltadas à proteção da fauna silvestre. As rodovias envolvidas no lote 4 incluem trechos importantes das BRs 272, 369 e 376, além de rodovias estaduais como PR-182, PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-897 e PR-986. O objetivo do novo modelo é promover segurança viária, fluidez no tráfego e condições adequadas para o transporte de cargas e de passageiros.
Presidente Castelo Branco no mapa estratégico das rodovias
Localizada às margens da BR-376, que liga Maringá a Paranavaí e segue até o Mato Grosso do Sul, Presidente Castelo Branco é ponto estratégico na logística regional, sendo passagem obrigatória para centenas de veículos por dia — em especial caminhões, que compõem grande parte da frota.
A permanência da praça de pedágio na cidade, embora mantida no mesmo ponto, ocorrerá sob nova concessão, com novas obrigações contratuais e tarifas potencialmente menores, conforme a lógica do novo modelo. Além da praça castelense, o lote 4 inclui também as seguintes praças:
Francisco Alves (BR-272, km 530 – nova)
Arapongas (BR-369, km 179 – existente)
Jataizinho (BR-369, km 126 – existente)
Guairaçá (BR-376, km 58 – nova)
Mandaguari (BR-376, km 198 – existente)
Jussara (PR-323, km 186 – nova)
Cianorte (PR-323, km 236 – nova)
Umuarama (PR-323, km 311 – nova)
Lote 5: 430 km e novas praças no Oeste do Paraná
Já o lote 5, que será leiloado uma semana após o lote 4, em 30 de outubro, prevê R$ 6,5 bilhões em investimentos e engloba 430,7 quilômetros de rodovias. Estão previstos 238 quilômetros de duplicações, 20 quilômetros de vias marginais, 3,7 quilômetros de contornos urbanos — em Guaíra — além de três passagens de fauna e cinco passarelas.
As praças de pedágio deste lote serão implantadas ou mantidas em:
Cascavel (BR-163, km 255 – nova)
Terra Roxa (BR-163, km 313 – nova)
Corbélia (BR-369, km 476 – existente)
Mamborê (BR-369, km 360 – existente)
Floresta (PR-317, km 129 – existente)
Um modelo mais transparente?
O novo modelo de concessão foi formatado após críticas severas ao sistema anterior, encerrado em 2021, considerado um dos mais caros do país e marcado por problemas de execução de obras. Com o novo formato, espera-se maior transparência, menor custo ao usuário e maior eficiência nas obras e serviços prestados.
Ainda assim, a manutenção de praças de pedágio em pontos estratégicos, como o de Presidente Castelo Branco, reacende o debate sobre os impactos econômicos e sociais nos municípios diretamente afetados. Motoristas, transportadoras, agricultores e lideranças políticas seguem atentos às próximas etapas, cobrando que as tarifas sejam justas e que as promessas de obras sejam cumpridas.
Para a população, resta acompanhar o processo de leilão e cobrar das futuras concessionárias o respeito ao novo pacto firmado entre Estado e sociedade: pedágio só com obra entregue, tarifa justa e serviço eficiente.